29 abril 2021

Robson Braga de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

O Brasil está perto de dar um salto tecnológico ao incorporar a tecnologia 5G para redes móveis de telefonia e banda larga, aumentando exponencialmente a velocidade na transmissão de dados. Essa revolução terá um papel indiscutível no desempenho industrial brasileiro daqui por diante, em especial no contexto de digitalização da produção, o qual denominamos indústria 4.0. Mais agilidade e eficiência nos sistemas de comunicação vão se traduzir em ganhos de produtividade e em mais competitividade para a nossa economia.

No momento em que o governo estuda o sistema 5G a ser adotado, o modelo regulatório precisa assegurar que tenhamos as mesmas condições de custos, cobertura e rapidez na implantação de que dispõem os nossos concorrentes no mercado internacional. Custos altos, cobertura pequena e atrasos na disponibilidade das redes trariam prejuízos à capacidade de as empresas brasileiras concorrerem globalmente, além de reflexos negativos nos investimentos no país, tanto de companhias brasileiras como de multinacionais.

Os países avançados estão agindo rapidamente para a implantação do 5G e precisamos seguir essa tendência, ainda mais porque o Brasil tem perdido terreno no panorama da indústria global, movimento que precisa ser revertido com urgência. Até 2014, estávamos entre os 10 maiores produtores industriais no ranking mundial, mas, depois de quedas sucessivas, passamos à atual 16ª posição. Para voltarmos a figurar na elite produtiva, é fundamental que se invista pesado em inovação tecnológica, que é a base da indústria do futuro.

A indústria 4.0 vem revolucionando processos, produtos e modelos de negócios. O avanço da digitalização proporciona mais flexibilidade nas linhas de produção, aumenta a eficiência no uso de insumos, integra melhor as empresas às cadeias globais de valor e transforma profundamente o mundo do trabalho. Num cenário em que a velocidade, a eficiência e a confiabilidade são cada vez mais exigidas de todos, o atendimento às demandas dos consumidores pode ser feito de modo mais célere e com menos erros.

Também por isso, além de licitar a rede pública de 5G, é necessário assegurar o acesso a um espectro de frequência privada para uso da indústria – a exemplo do que acontece em países como Alemanha, Estados Unidos e Japão. As redes privadas não são concorrentes das públicas; ao contrário, juntam-se ao esforço de dar mais celeridade para as comunicações no país. As configurações desses sistemas podem variar segundo as necessidades específicas de cada setor ou empresa, com níveis próprios de segurança.

Estamos num momento decisivo. O Brasil não deve errar na implantação das redes 5G, sob pena de perpetuar os crônicos problemas de infraestrutura que dificultam o nosso crescimento econômico sustentado. É fundamental que o modelo a ser escolhido para a rede pública, independentemente de qual for, permita que o país se posicione na vanguarda da tecnologia de telefonia móvel e transmissão de dados. Também é indispensável viabilizar as redes privadas, que serão decisivas para aumentar a eficiência industrial.

Assim, além da rede pública de 5G, é importante fomentar a utilização de espectros de frequência privados para uso da indústria – a exemplo do que acontece em países como a Alemanha, os Estados Unidos e o Japão. As redes privadas não são concorrentes das públicas. Ao contrário, juntam-se ao esforço de dar mais celeridade para as comunicações no país. As configurações desses sistemas podem variar segundo as necessidades específicas de cada setor ou empresa, com níveis próprios de segurança.

Fonte: Comex do Brasil